Condo é uma exposição colaborativa em grande escala de galerias internacionais. As galerias anfitriãs compartilham seus espaços com galerias visitantes, co-curando uma exposição ou dividindo suas galerias e alocando espaços. A iniciativa incentiva a avaliação de modelos existentes, o compartilhamento de recursos e a atuação comunitária para propor um ambiente mais propício à realização de exposições de galerias experimentais internacionalmente.
Nesta edição, a Martins&Montero será hospedada pela Public Gallery, apresentando duas artistas brasileiras: Ana Mazzei e Rebecca Sharp.
O trabalho de Ana Mazzei é motivado pela busca de outros mundos e universos imaginários e pela necessidade de contar e ressignificar histórias. Ela se interessa pelas relações eternas e diversas entre o homem e a história: paisagens, arquiteturas, ficções, teorias e arquivos. Tudo faz parte de uma grande construção narrativa do homem neste mundo. Suas obras de arte são como peças e fragmentos de mitos, vidas e ficções que são representados em desenhos, vídeos, esculturas e instalações. Com foco em uma prática amplamente experimental, a artista se apropria de diferentes materiais sensoriais, como feltro e madeira, conectando-se aos ambientes nos quais navega.
Suas esculturas elaboram o ambiente como uma espécie de partitura musical, em que cadência e modulação são mais do que apenas metáforas: elas constituem a escrita da obra, como uma cena a ser seguida pelo espectador. “Sinto que a composição das peças constitui uma direção para a leitura da obra”, diz Mazzei. Segundo a artista, o arranjo das esculturas orienta a percepção do espectador por meio de uma narrativa de pesos sutis, equilíbrios precários, tensões visuais e diálogos com o espaço circundante.
As pinturas de Rebecca Sharp exploram a coexistência de realidades antagônicas que competem para se manifestar em um contexto repleto de incertezas. Cada realidade representa um lugar plenamente desenvolvido, uma sociedade potencial que resiste às forças opostas que tentam suprimi-la. Sharp também se identifica como um lugar, um terreno fértil para a expressão de mundos complexos. Servindo como representações desses espaços disputados, suas pinturas variam desde ideais utópicos a cenários distópicos, delineando a diversidade de narrativas que competem pela prevalência em um futuro incerto.
Observadora crítica do movimento surrealista, Rebecca Sharp examina as particularidades do trabalho das mulheres, cuja imagética é construída sobre questões existenciais e representação inconsciente. Muitas de suas imagens têm origem na meditação, da qual é praticante há 20 anos. As obras nos convidam a considerar a complexidade do tempo e a natureza não linear da experiência humana.